João 8.3-11
Com o Mestre temos o encontro com nós mesmos! Ele nos confrota com os nossos próprios pecados. Ele nos leva a refletir sobre a nossa própria condição espiritual. É uma reflexão interior e particular, que nos leva a perceber quem somos de fato.
Somos ávidos para apontar os defeitos e falhas alheias, enquanto somos benevolentes e compreensíveis com nós mesmos. Arrajamos todo o tipo de justificativa para os nossos erros. Afinal, por que olhar para nós mesmos, enquanto podemos nos esquecer e olhar para os outros? Achamos mais fácil tirar o argueiro dos olhos alheios do que tirar a trave dos nossos próprios olhos. Assim é o ser humano.
Jesus não nos desculpa, afinal Ele não tem o culpado por inocente. Ele nos perdoa! Mas o perdão é dado para quem de fato se arrepende. E arrependimento não é um pedido de desculpas simplesmente. É uma transformação interior, sincera e verdadeira, que leva o individuo a uma mudança radical de atitude e pensamento com relação ao mal praticado. Essa mudança implica em um novo rumo, uma nova direção na vida e nas ações. É o agir que leva a reparações, quando isso é possível. Sim, porque há mal que torna-se impossível qualquer tipo reparação e neste caso nada mais resta do que simplesmente perdoar e seguir um novo caminho.
O Mestre conhece o nosso coração. Ele sabe o que se passa dentro de cada um. Ninguém O pode enganar! Para Ele não é necessário muitas palavras, Ele entende e sabe quando estamos arrependidos de fato, a mulher adúltera bastou dizer “ninguém, Senhor” e foi o suficiente para receber dEle a resposta, “Nem eu também te condeno”. E o alívio foi imediato!
Há os que preferem viver com a culpa. É a multidão que reconhece que tem pecado mas não se dobra ao Mestre para receber dEle o perdão. É a turba que condena os outros, mas ao ser confrontada, retira-se de cena, com o fardo do pecado e da culpa. É preferível abandonar a cena, retirar-se da presença do Salvador do que render-se a Ele e receber palavras de conforto e alívio. Mas feliz é quem fica, quem permanece diante do Rei dos reis e Senhor dos senhores. Os que ficam são perdoados e aliviados de seus fardos e podem seguir um novo caminho, “vai-te, e não peques mais”.
O que você prefere: ficar diante do Mestre ou retirar-se da presença dEle?
Por que razão o homem foge tanto do confronto com Cristo? Por que preferir guardar e esconder uma doença chamada pecado que tanto corrói o nosso ser? O confronto com Cristo cura, trás perdão e alívio. Só que às vezes (ou muitas vezes), até nós, que já somos crentes em Jesus, tomamos a atitude errada de nos afastar. Quando falhamos naquilo que tanto nos envergonha, precisamos lutar contra um forte desejo de afastamento de convívio com os irmãos e com Deus. Muitas são as ocasiões que pessoas deixam a Ceia do Senhor por causa de um pecado como na verdade Cristo não está excluindo ninguém de sua festa. Só que, quando deixamos a comunhão para ficarmos com o pecado, recusando o tratamento de Deus, atirar a pedra em outros torna-se uma reação à nossa própria atitude errada e que, certamente, não será satisfatória. Logo, o desejo de atirar a pedra em alguém pode ser uma inútil tentativa de esquecer a condição de pecador. Curiosamente nesta passagem de João 8, apenas a mulher tinha sido acusada de adultério, crime que necessita do concurso de outra pessoa. Ora, onde estava o homem adúltero naquela hora? Não sabemos. E o que dizermos dos líderes religiosos que talvez estivessem desejando que aquela situação ocorresse apenas para tentarem apanhar Jesus num deslize que servisse para condená-lo. Contudo, nos dias atuais, sabe-se de muitos casos em que pessoas buscam punir seus “cúmplices” ao invés de passarem pelo confronto. Lembrando a música de Chico Buarque, muitos preferem jogar a pedra na Geni do que assumir sua condição de pecador ou quiçá de cúmplices.