O irmão mais velho

“Ele, porém, respondeu ao pai: Eis que há tantos anos te sirvo, e nunca transgredi um mandamento teu; contudo nunca me deste um cabrito para eu me regozijar com os meus amigos; vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado” (Lucas 15.29,30).
A história do filho pródigo é conhecida de todos.
O filho mais jovem que pediu sua herança ao pai, saiu de casa, desperdiçou tudo e quando se viu na miséria, volta pra casa na esperança de ser recebido de volta por seu pai, pelo menos como um emprego. Para a sua surpresa e alegria, o pai o recebe de volta como filho e faz uma festa, matando o melhor do rebanho para comemorar o seu retorno.
Mas a história não termina aí. Tem o irmão mais velho que ao chegar em casa e ver aquela festa, nem sequer entra em casa, mas pergunta a um emprego o que estava acontecendo. Ao ser informado que a festa era pelo retorno do irmão, fica INDIGNADO e não quer entrar na casa para participar. O pai vai ter com ele e insiste para que ele entre e se alegre por seu irmão está são e salvo.

É no diálogo com o pai que o irmão mais velho do pródigo revela o que havia em seu coração.

“Eis que há tantos anos te sirvo”. Ele era filho ou servo? Filho, mas agia como servo. Estava com o pai por obrigaçâo e não por amor. Reclama os anos que tinha de casa, como se isso fosse uma virtude. Ele morava lá, era a casa dele, era normal que estivesse tanto tempo com o pai.

“Nunca transgredi um mandamento teu”. Fidelidade baseada em regras, tipo “faça isso e não faça aquilo”, e por medo e não por gratidão, prazer e amor.

“Nunca me deste um cabrito…”. Em outras palavras chama o pai de ingrato com ele. Como o pai mesmo falou tudo era dele, era somente ele pegar, mas ele não agia como filho e nem se sentia como tal.

“Vindo, porém, este teu filho…”. Não considerava o irmão como irmão, ao invés de chamá-lo “meu irmão”, preferiu dizer ao pai “teu filho”, talvez por sentir-se menosprezado pelo pai ou quem sabe, ciúmes do irmão, ou talvez preferisse que o irmão estivesse morto. Ele nunca se preocupou com o paradeiro do seu irmão.

“…que desperdiçou os teus bens com as meretrizes”. Joga em rosto os pecados do irmão. Não estava disposto a perdoá-lo. O irmão não merecia aquela festa, quem sabe teria que ser castigado e pagar pelos seus pecados (não bastava o que já tinha passado: fome, nudez, desprezo, humilhação e tantas outras privações…).

Será que não estamos agindo como “irmãos mais velhos” com os que erram, mas se arrependem e querem continuar a caminhada?

Nos alegramos ao ver alguém que errou, mas que agora está na casa do Pai, adorando-O e servindo-O com amor e gratidão? Ou ficamos “indignados” como o irmão mais velho do filho pródigo?

Que os nossos corações sejam iguais ao do Pai e não ao do irmão mais velho!

3 thoughts on “O irmão mais velho

  1. E parte concordo…Mas poucos ver o outro lado do irmão mais velho do filho pródigo.
    Tem algo a mais decorrente do filho mais velho…Ele só queria uma festa, coisa que seu pai nunca fez pra ele, nunca viu o pai demostrar gratidão por sua fidelidade, nunca viu o pai lhe presentear com honras por sua honra ao seu pai! Quantas vezes nos sentimos assim? desejando uma festa do nosso pai ao qual tentamos ser fiel e não vemos festas, só desertos, bigornas, trabalho, solidão… sei que tudo isso faz parte do amor do Pai. Porém, precisamos de uma festa de vez em quando, precisamos ver a alegria e reconhecimento do pai…Será que é culpa do filho mais velho? acho que sim né?! Do Pai que não é. Talvés o filho mais velho não tinha consciênica do que possuia, via o pai mais como um Senhor, se via como um empregado e não como dono. Muito de nós cristãos muitas vezes estamos assim. Eu não gosto de criticar de forma impiedosa o filho mais velho: que ele foi egoíta, foi cruel e tal… o vejo mais como alguém carente de conhecimento do que é. Sei que esse personagem na parábola representa os religiosos da época. Mais tirando esse lado…Quantas vezes nos sentimos assim…precisando de uma festa, não sabemos que tudo do pai é nosso também…quantas vezes aqueles que abandonaram o Pai volta por “cime” e nós que estamos sempre ao lado do pai, nos sentimos um nada e estamos em situação de mendigo? É algo à se pensar. Não gosto de criticar de forma cruel o filho mais velho, eu entendo sua dor…

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