O terror dos gadarenos

“E CHEGARAM ao outro lado do mar, à província dos gadarenos. E, saindo ele do barco, lhe saiu logo ao seu encontro, dos sepulcros, um homem com espírito imundo; o qual tinha a sua morada nos sepulcros, e nem ainda com cadeias o podia alguém prender; porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias foram por ele feitas em pedaços, e os grilhões em migalhas, e ninguém o podia amansar. E andava sempre, de dia e de noite, clamando pelos montes, e pelos sepulcros, e ferindo-se com pedras” (Marcos 5.1-5).
Eis o relato de uma cidade atormetada por um maníaco que vivia clamando pelos montes e sepulcros. Esse dito maníaco era tão terrível que cadeias e grilhões não podiam prendê-lo. Certamente as pessoas viviam com medo desse indivíduo que agia como um verdadeiro louco desvairado e descontrolado. Era um bicho em forma humana. Morava nos sepulcros, se feria com pedras, e ninguém podia amansá-lo ou domá-lo. As crianças não podiam sequer passar por perto dele, imagine o medo que esse homem causava nelas. Qual seria a aparência dele? Devia ser terrível! O texto do evangelho de Lucas diz que ele não andava vestido, ou seja, andava nu. Quem se aproximaria de uma pessoa assim? Ninguém em sã consciência, com certeza. E por quanto tempo ele vivia daquela maneira? Também não sabemos. Quem sabe por anos afora! Quem eram seus parentes? Tinha família? Certamente que sim, mas faziam questão de não se identificarem. Que condição triste a desse homem!
Entretanto, estava ali um ser humano, uma alma, um homem que sofria atormetado por espíritos imundos. O que o levou àquela condição não sabemos. O certo é que ele era possuído por uma legião de demônios enfurecidos que o levavam àquela condição desumana. Aquele homem não queria viver assim, certamente. Forças alheias à sua vontade o dominavam. Haveria algum momento de lucidez? Se houvesse com certeza os demônios não deixavam que se manifestasse. E assim vivia aquela pobre alma.
Será que não havia naquela cidade um homem de Deus, disposto a ajudar aquela pobre alma? Parece que não.
Mas o que me impressiona é que os gadarenos nada faziam para ajudar aquele homem. Talvez não pudessem mesmo, dado a selvageria dele. Eles o prendiam com cadeias, como um animal e não tratavam-no como um ser humano. Por mais selvagem que fosse era um ser humano, digno de misericórdia e amor. Talvez quisessem se livrar dele o quanto antes! Muito embora a atitude deles revelou o contrário, ao verem o homem liberto, expulsaram Jesus de sua província. Preferiram valorizar mais os porcos do que a libertação de um ser humano, que sofria e vivia como bicho.
Creio que Jesus atravessou o Mar da Galiléia e enfrentou uma tempestade  somente para ajudar aquela pobre alma. Ele sabia que ele estava sofrendo. Pelo menos os demônios reconheceram que Jesus estava ali antes do tempo,  “vieste aqui atormentar-nos antes do tempo?” (Mt 8.29). Sim, Jesus teve compaixão e misericórdia daquele homem! Foi no tempo certo, não antes, como os demônios disseram, libertar aquele que precisava desesperadamente de ajuda! Aquele que era o terror da cidade, voltou a ser um cidadão normal, podendo viver pacificamente entre os seus compatriotas.
Esse é o Deus que servimos! Um Deus de amor e misericórida, que se compadesse, que salva, que cura, que liberta!

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