Tenho medo!

imagePorque aquilo que temia me sobreveio; e o que receava me aconteceu” (Jó 4.25).

O medo é um dos sentimentos mais fortes do ser humano. O medo tem um lado positivo e outro negativo.

O lado positivo está no fato de que, por medo, muitos deixam de cometer verdadeiras loucuras! Por medo, deixamos de enfrentar verdadeiros perigos que poriam em risco a nossa própria vida. Por medo, recuamos em meio ao perigo eminente. Assim, positivamente analisado, o medo não é algo ruim. Seria até mesmo um meio de sobreviver em face dos perigos e circunstâncias da vida.

Por outro lado, o medo também pode nos impedir de fazer grandes realizações na vida. Este é o lado negativo do medo. Grandes empreendedores venceram na vida porque romberam a barreira do medo e investiram seus recursos onde parecia não haver resultado algum. Correram o risco e foram bem sucedidos! Outros, entretanto, amargaram grandes derrotas, mas, pelos menos, não se acovardaram diante dos desafios!

Todavia, parece que Deus muitas vezes nos leva a enfrentar nossos próprios medos. O texto bíblico citado acima nos mostra a condição de um homem que tinha medo da situação que enfrentava. O que ele tinha medo lhe aconteceu. Desta forma, sua segurança era aparente, não era verdadeira, porque se tinha medo, não poderia viver tranquilo. O medo apavora o ser. Certo vez ouvi uma pessoa dizer: “tenho medo de ter medo!”. Ou seja, era uma pessoa corajosa, mas tinha medo de qualquer forma, mesmo que fosse medo de ter medo!

Deus fez Jó enfrentar seus temores para que no final ele pudesse confiar mais nEle. A confiança e o amor lançam fora o medo! Eis o que disse o salmista “O SENHOR é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei? O SENHOR é a força da minha vida; de quem me recearei?” (Sl 27.1). Sim, Deus nos leva a enfrentar nossos medos para que aprendamos a confiar inteiramente nEle. Certamente depois de ter passado por aquela amarga experiência, Jó deixou de ter medo e passou a confiar mais em Deus. Leiamos suas próprias palavras: “ENTÃO respondeu Jó ao SENHOR, dizendo: Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido. Quem é este, que sem conhecimento encobre o conselho? Por isso relatei o que não entendia; coisas que para mim eram inescrutáveis, e que eu não entendia. Escuta-me, pois, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás. Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos. Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza” (Jó 42.1-6).

Aprendamos a confiar mais no Senhor Deus e deixemos de lado todo o medo!

O sábado foi feito por causa do homem

“E disse-lhes: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado.”  (Marcos 2.27).

O sábado, instituído por Deus como um dia de repouso e descanso semanal, foi levado tão a sério pelos judeus, que se estabeleceu como um mandamento extremamente duro, que a quebra do mesmo era punida com a morte (Ex 31.12-17). A punição com a morte era para lembrar a seriedade do compromisso com Deus. Era também um sinal entre Deus e os filhos de Israel, conforme podemos ler no texto citado.

Mas o propósito de Deus sempre foi o de estabelecer um dia de descanso para o homem, para que este se restabelecesse de seus trabalhos e fadigas, e também como um dia de adoração e comunhão com Ele. Deus não colocou um dia da semana acima do ser humano, ou de suas necessidades, mas como uma forma de ajudar ao homem a entender a necessidade do descanso, de se refazer as forças para continuar a labuta da vida, bem como um dia de adoração e comunhão com o próprio Criador. Entretanto, o que parecia bom para o homem se tornou algo escravizante, não da parte de Deus, mas da parte do próprio homem, por não entender o propósito de Deus. O que aconteceu foi que o sábado se tornou mais importante do que o próprio homem. Um dia da semana torna-se, no conceito religioso, mais importante do que o próprio ser humano.

Nos dias de Jesus, os fariseus acusaram os discípulos do Mestre de violarem o sábado, justo porque colhiam espigas de uma seara nesse dia. Jesus os indagou se eles nunca tinham lido o que Davi havia feito, comendo dos pães da proposição juntamente com os seus homens, o que era permitido somente aos sacerdotes, e mesmo assim, não foi punido por Deus. E por que fez isso? Porque estava com fome, demonstrando assim que a necessidade humana estava acima das regras religiosas. O que Davi havia feito era uma questão de sobrevivência por uma causa maior. Embora isso não seja pretexto para se violar as leis divinas, o que Jesus responde é que Ele era Senhor de todas as coisas, inclusive do sábado, e que o que os discípulos estavam fazendo tinha sido autorizado por Ele. Mas ao dizer que o sábado tinha sido feito por causa do homem vemos aqui um princípio que se aplica à vida, principalmente no aspecto da justiça e dos relacionamentos humanos.

Nada pode escravizar o ser humano. Cristo veio para nos dar vida e vida com abundância. E viver a vida abundante é ser livre, ter a consciência limpa de que se está servindo a Deus de coração e não baseado em regras e leis previamente estabelecidas. Os princípios de Deus devem ser entendidos como princípios de vida e não princípios escravizantes ou pesados. O alvo de Deus é o ser humano. Este é o principio do Evangelho. Cristo veio buscar e salvar o que se havia perdido. Resgatar o ser humano de seu estado caído e restabelecê-lo à comunhão com o Pai. E essa comunhão é baseada no AMOR. O que não é feito por amor ou com amor não tem valor algum diante de Deus. Guardar o sábado (ou o domingo, seja qual for) com pretexto puramente religioso, sem devoção, sem amor a Deus e a sua Palavra não vale um vintém diante de Deus. Isto se aplica a tudo na vida. Eu vejo Jesus ensinando que o que contamina o homem não é o que entra, mas o que sai de sua boca, porque provém do coração! O adultério para Jesus não é somente o ato em si, mas o desejo de adulterar que está no coração, o que na verdade já ocorreu, independente de praticá-lo ou não! E quantos há que estão neste estado diante de Deus! Deus está preocupado com o que está em nosso coração. Qual o motivação que nos leva a agir da forma que agimos. Se somos verdadeiros e sinceros ou não.

Assim, que não haja nenhum sábado ou qualquer outra coisa acima de nossa consciência ou de nossa vida, pois quer vivamos  ou quer morramos, somos do Senhor!

Já não sou digno de ser chamado teu filho

E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho”  (Lucas 15.21).

O primeiro sentimento que vem ao coração daquele que peca contra Deus é o sentimento de indignidade, de auto-exclusão da presença de Deus, visto que Deus é um Deus absolutamente Santo. É natural e normal que isso aconteça. Todavia, o Deus a quem servimos nunca deixa de nos tratar como filhos. Embora sejamos rebeldes, o amor do Pai é imensurável e incomparável e Ele espera que nos concientizemos de nossos pecados e nos voltemos para Ele arrependidos e dispostos a continuar a jornada que nos está proposta.

Deus disciplina aos seus filhos, caso contrário, não seríamos filhos e sim bastardos (Hb 12.8). A disciplina de Deus é sempre visando o nosso bem. Não precisamos ter medo de Deus. Embora temamos a Sua disciplina, mas Ele não vai nos abandonar e nem nos deixar perecer.  A disciplina virá para nos fazer crescer ou mesmo perceber quão errados estamos e que precisamos do perdão e da misericórdia do Senhor sobre nossas vidas.

Deus nunca vai abandonar os seus filhos. Nós abandonamos a Deus, mas Ele não nos abandona. Ele nunca vai deixar de nos tratar como filhos amados, mesmo que nos castigue ou nos discipline, Ele sempre vai nos amar!

Assim, o sentimento de indignidade, embora natural, deve ser substituído por um sentimento de confiança e amor pelo Pai amado, que sempre nos receberá de braços abertos, tal como o pai do filho pródigo.

Nada além da graça

O que posso fazer para ser aceito diante de Deus?

Essa pergunta se reveste de significado num mundo em que a religião do “faça isso” e “não faça aquilo” impera, levando as pessoas a pensarem que podem contribuir, de alguma forma, para a sua salvação ou justificação diante de Deus. A idéia que muitas pessoas tem é que Deus está irado contra a humanidade e que é preciso fazer algo para aplacar a Sua ira. Nada diferente das antigas religiões, em que os deuses estavam sempre irados e era necessário oferecer-lhes algo para que não se voltassem contra a humanidade.

Os evangelhos nos mostram claramente que tudo o que era necessário ser feito para que sejamos aceitos diante de Deus já foi feito. Havia sim uma dívida, um peso, algo que nos era contrário, algo que nos afastava de Deus, da sua presença, da sua comunhão. Estávamos destituídos da glória de Deus, desde o Edén, quando de lá foram expulsos nossos pais.  Mas hoje, temos um elo de ligação com Deus. O que o antigo Adão não pôde fazer, o Novo fez. Sim, Jesus Cristo, o Filho do Deus vivo, fez tudo o que era necessário para nos reconciliar com Deus, para reatar o que estava desligado, para aproximar o que estava afastado.

Jesus Cristo fez tudo por nós! Não é preciso fazermos mais nada, a não ser aceitarmos gratuitamente a sua graça e nos entregarmos inteiramente à sua imensa e infinita misericórdia e ao seu grande e incomparável amor! 

Nada do que eu venha a fazer mudará o que Deus já fez por mim! Se eu me perder, não será porque Deus não me ama ou porque não fez nada por mim, mas simplesmente porque não aceitei a sua soberana graça. O “faça isso” e “não faça aquilo” não funcionam aqui! Só o amor que move o meu coração em direção a Deus, para que eu me entregue inteiramente a Ele e aceite o que Ele já fez por mim, através de Jesus Cristo, Seu Filho amado!

Nada, além da graça, da soberana graça!