Ministros e Despenseiros

“QUE os homens nos considerem como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus.”  (1 Coríntios 4.1).

Quem são os que trabalham em prol do Evangelho de Cristo?

São aqueles que foram chamados para serem “pescadores de homens”, mas também para serem “ministros e despenseiros”. Mas não se iluda com as palavras!

Ministro é uma palavra, que no conhecimento de todos, designa uma função de alto-escalão do governo. Ministro é uma função de destaque, de honra e de autoridade. Isso é o que sabemos e pensamos. Entretanto, biblicamente falando, é bem diferente. Ministro na Bíblia é sinônimo de “servo”, “mordomo”, “servidor”, “diácono”. Quando Paulo fala de “ministro de Cristo”, ele quer dizer “servo de Cristo”, aquele que foi chamado para servir a Cristo. E servir a Cristo é também servir à sua Noiva, a Igreja. Bem diferente do que estamos acostumados a pensar, não é mesmo? E isto é o que Cristo nos ensina no Evangelho. Somos chamados para servir. Chamados para sermos servos. Nunca Jesus nos deixou pensar que somos alguém importante, que somos maiores do que os outros, mas que devemos sempre ter a consciência de que somos servos. Estamos aqui para servir.

Despenseiro é o que cuida da despensa. É um mordomo. Um cuidador de bens de outrem. Somos despenseiros dos mistérios de Deus, mas não donos. Devemos seguir as instruções do Dono da despensa. Estamos debaixo da autoridade do Dono da despensa. E o Dono da despensa deixou um manual para ser seguido, com todas as instruções necessárias para se administrar os seus bens. Os bens são espirituais e de valores eternos! Administrá-los sabiamente é o que se requer do despenseiro.

“Além disso, requer-se dos despenseiros que cada um se ache fiel.”  (1 Coríntios 4.2).

Ainda que… O Princípio do Amor!

joyfulpeople Ainda que falasse…

Ainda que tivesse…

Ainda que conhecesse…

Ainda que distribuísse…

Ainda que entregasse…

Não faltariam os “ainda que…” na lista apresentada pelo apóstolo Paulo em 1 Coríntios 13, quando fala do “caminho ainda mais excelente” do que os dons espirituais, apresentados no capítulo anterior.

O princípio é simples: é o princípio do amor. O amor que deve existir em todas as áreas da vida humana! O amor que deve alimentar o nosso ser, a nossa existência, as nossas relações, a nossa própria vida! Tudo o que somos, seremos ou fizermos nada será, se não estiver baseado no princípio do amor. E o que chamo princípio do amor? É o princípio da vida, a razão da nossa existência, de aqui estarmos. É o princípio do evangelho, que é o princípio do próprio Cristo, a quem professamos seguir e servir.  É o que vale a pena, é o que realmente interessa em toda a nossa existência.  Creio que seremos julgados pelo amor que dedicamos ou não a tudo o que fazemos ou o que somos, enquanto aqui vivermos.

Falar línguas, ter dons, conhecer todos os mistérios e ciência, ter fé espantosa, distribuir riquezas e bens entre os pobres, sacrificar-se em prol dos outros, são feitos humanos admiráveis e elogiáveis, mas nada disso importa ou tem valor algum se não for baseado no amor, se não estiver arraigado no princípio do amor. Seríamos fúteis e inúteis sem amor!

Aplique-se isso a todas áreas da vida. Aplique-se isso aos relacionamentos humanos, sejam quais forem. É um princípio a ser vivido, experimentado, aplicado! Não tem sentido algum viver sem amor! Não se vive, apenas existe.

Síndrome de super-herói

image Os produtores americanos de filmes têm lançado ultimamente muitos filmes de super-heróis, que enchem as bilheterias dos cinemas e rendem milhões de dólares para os seus bolsos. A exemplo disso foi o filme Batman – o Cavaleiro das Trevas que arrecadou 153 milhões de dólares na primeira semana de exibição, ganhando de Homem-Aranha 3, que tinha arrecadado 151 milhões. Sem contar, X-Men, Homem de Ferro, Super-Homem, Demolidor e tantos outros. É a fantasia humana produzindo seres para além da imaginação. Seres com superpoderes, capazes de fazer coisas inimagináveis.
Esta mesma fantasia ocorre nos círculos cristãos. Há uma síndrome de super-herói entre os crentes ultimamente. São os super-crentes. Eles “tem a força”! São crentes que não ficam doentes, se ficarem é porque não têm fé ou estão em pecado. “Determinam” a bênção de Deus em suas vidas e na vida das pessoas e elas acontecem. Devem ser ricos e abastados, porque afinal são “filhos do Rei”. Nada de mal pode acontecer em suas vidas, pois catástrofes, calamidades, tribulações e sinistros acontecem somente na vida daqueles que não têm Deus.
Esses crentes parecem que nunca leram as palavras do Mestre: “no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (João 16.33). Parecem que nunca leram as palavras de Paulo “deixei Trófimo doente em Mileto” (2 Tm 4.20), “pois que por muitas tribulações nos importa entrar no reino de Deus” (Atos 14.22), ou as palavras de Pedro “Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse; Mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis. Se pelo nome de Cristo sois vituperados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus; quanto a eles, é ele, sim, blasfemado, mas quanto a vós, é glorificado” (1 Pedro 4.12-14).
Sim, meus amados, coisas ruins acontecem com gente boa. Crente também sofre as consequências do pecado neste mundo caído. Vivemos em um mundo normal, cheio de gente e coisas normais, onde não há lugar ou espaço para super-crentes, mas para pessoas comuns, cheias de fé, que vivem normalmente, que enfrentam problemas normais da vida, do cotidiano, mas que olham para Jesus, o autor e consumador da nossa fé.
Que as palavras de Paulo seja o nosso incentivo do dia-a-dia: “TENDO sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo; Pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus. E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, E a paciência a experiência, e a experiência a esperança. E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Romanos 5.1-5).
A Deus seja a glória!

Deus odeia o pecador?

ira-raios Ao ouvir um video do pregador americano Paul David Washer sob o tema: “Deus odeia pecadores, e não somente o pecado”, usando como base o Salmo 5.5 e Romanos 1.18, fui levado a pensar e a meditar sobre o assunto. Sempre ouvimos falar que Deus odeia o pecado mas ama o pecador, mas eu nunca tinha ouvido alguém dizer que Deus odiava o pecador também. Lembrei-me de Jonathan Edwards, em seu famoso sermão, “Pecadores nas mãos de um Deus irado”, onde ele afirma que os pecadores não arrependidos estão correndo um grande perigo, porque estão debaixo da ira de Deus, mas ele não chegou a falar do “ódio” de Deus pelo pecador.

Constantemente ouvimos falar do amor incondicional de Deus, da Sua misericórdia e compaixão, mas pouco se fala que Deus se ira e que é um Deus de justiça também. Por ser um Deus santo, Ele odeia o pecado, e, por odiá-lo tanto, Ele há de julgar e condenar os que o praticam, sem se arrependerem. O pecado é um ultraje à santidade de Deus. Fere frontalmente a Deus, provocando-O à ira e indignação.

Mas é preciso separar o pecador de suas práticas pecaminosas. Vejamos o que diz o Salmo 5.5, “Os loucos não pararão à tua vista; odeias a todos os que praticam a maldade” (o grifo é nosso). O que provoca a ira de Deus é a “prática” da maldade, do pecado, da impiedade, da injustiça. Os que vivem na “prática” do pecado estão sim debaixo da ira de Deus. O apóstolo João diz que “”Quem comete o pecado é do diabo; porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo.”  (I João 3.8, o grifo é nosso). Então, devemos concluir que se um cristão cometer um deslize e pecar é do diabo? Evidentemente que o versículo se refere a quem vive na prática constante do pecado, senão o mesmo João estaria se contradizendo, quando escreveu: “MEUS filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.” (1 João 2.1,2, o grifo é nosso).

Romanos 1.18 diz: “Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça” (o grifo é nosso). Observe que a ira de Deus se manifesta sobre a impiedade e injustiça dos homens. Consequentemente os homens que se dão a essas práticas sofrerão o peso da ira de Deus, mas isso não significa que Deus os odeie, é uma questão de justiça e não de ódio. É Deus retribuindo ao homem o que ele merece, devido às suas ações e práticas. Na sequência da leitura desse capítulo de Romanos vemos que, como uma forma de julgamento, Deus entregou os homens perversos “às suas paixões infames”, “cometendo torpezas e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro”.

Ademais, se Deus odeia o pecador, como explicar João 3.16 e Romanos 5.8?

Na verdade, a ira de Deus contra nós recaiu sobre Cristo ao morrer por nós na cruz do Calvário. Ele se fez maldição por nós, Ele tomou o nosso lugar e satisfez a justiça de Deus. “Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.”  (Isaías 53.5). “PORTANTO, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito” (Romanos 8.1). “E esperar dos céus a seu Filho, a quem ressuscitou dentre os mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura.”  (I Tessalonicenses 1.10).

Assim, a ira de Deus recairá somente sobre os que não se refugiam em Cristo, sobre os que não se arrependem de seus pecados e vivem dissolutamente. Ainda que Deus os ame, todavia, por causa da Sua justiça, Ele os julgará e os condenará, por não aceitarem o sacrifício expiatório de Seu Filho Jesus Cristo.

“Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus; O qual recompensará cada um segundo as suas obras; a saber:
A vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, honra e incorrupção; Mas a indignação e a ira aos que são contenciosos, desobedientes à verdade e obedientes à iniqüidade; Tribulação e angústia sobre toda a alma do homem que faz o mal; primeiramente do judeu e também do grego; Glória, porém, e honra e paz a qualquer que pratica o bem; primeiramente ao judeu e também ao grego; Porque, para com Deus, não há acepção de pessoas.” (Romanos 2.5-11).

Assim, não creio que Deus odeie o pecador, senão nenhum de nós seria salvo.

“Ser ou não ser, eis a questão”

A famosa frase de William Shakespeare leva-nos a meditar sobre a o que somos em meio a uma sociedade tão diversificada. Mas digo isso com referência a postura cristã. Ser ou não um cristão autêntico, eis a questão. E, o que é ser cristão?

Eis que ser cristão é amar a Cristo sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Ser cristão é identificar-se com Cristo, mas também parecer-se com Ele. É imitar-Lhe, assim como fez Paulo, ainda que pareça difícil ou mesmo impossível. Ele estará no centro da vida. Ele será o alvo maior de todos os anseios, buscas e prioridades.

Ser cristão é ter as prioridades do Reino de Deus, como o próprio Cristo nos ordenou: “buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça…”. Se buscamos o Reino em primeiro lugar, não haverá tempo para futilidades. E futilidades é buscar as coisas que são de baixo, que são passageiras, temporais, terrenas. Os que assim vivem acabam se frustrando. As prioridades da vida não estão nos bens terrestres, mas nos bens celestiais. “Onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração!”

Ser cristão é viver a plenitude do Evangelho. E no Evangelho o que aprendemos é amar. Estou convicto de que o amor é a essência da vida. Se amamos, perdoamos. Se amamos, seremos cheios de compaixão e misericórdia. Se amamos, não haverá frustrações, ninguém se frustra por amar.

Ser cristão é ter esperança, mesmo em meio ao desespero. É saber que o “meu Redentor vive”! É acreditar que Deus está no controle de todas as coisas, mesmo que pareça que tudo está um caos!

Ser cristão é viver diferente, mas não alienado do mundo, estamos no mundo, mas do mundo não somos. É ser nova criatura, cheio de vida e vida contagiante e não vida frustrante.

Ser cristão é ter a certeza de que há um futuro de glória para os que se refugiam em Cristo e O amam de todo o coração!

Assim, creio que ser é melhor do que não ser, acaba-se a questão!