“O mexeriqueiro revela o segredo, mas o fiel de espírito o mantém em oculto” (Pv 11.13).
Há pessoas que simplesmente não conseguem guardar um segredo. São os mexeriqueiros, os que parecem que têm coceiras na língua.
O versículo acima e seu contexto nos mostra algo interessante acerca de se guardar os segredos alheios. É bem verdade que Jesus deixa claro que não há nada oculto que não venha a ser revelado (Mt 10.26; Mc 4.22; Lc 12.2). No entanto, o contexto destes textos não sugerem que se deve sair por aí contando os segredos alheios. Tem mais a ver com a luz do Evangelho, do testemunho cristão (a candeia) e as práticas ocultas das trevas, dos que praticam o mal, que não ficarão encobertos. O Evangelho não pode ficar encoberto, mas revelado a todos.
O fiel de espírito mantém o segredo. Isso é ético, é bíblico! O fiel de espírito (quem teme a Deus, um cristão verdadeiro) não tem prazer em sair espalhando os segredos de seu próximo, de expô-lo ao ridículo ou envergonhá-lo.
“O que despreza o seu próximo carece de entendimento, mas o homem entendido se mantém calado” (Pv 11.12).
Manter-se calado, guardar o segredo de seu próximo, não desprezá-lo, é um princípio ético. No país onde moro isso é levado a sério. Os profissionais das áreas humanas não podem de forma alguma revelar os segredos de seus clientes, a não ser que sejam ordenados por lei. Os pastores e os sacerdotes estão incluídos neste contexto.
Usar o segredo de alguém para se obter algum tipo de vantagem é considerado crime. Dependendo do caso, pode ser chantagem (blackmail), chantagem emocional (emotional blackmail) extorsão (extortion), abuso psicológico (psychological abuse), manipulação psicológica (psychological manipulation), etc. Está previsto na lei deste país. Ninguém tem o direito de expor ninguém!
Mas deixando de lado a parte legal, Jesus nos ensina um princípio interessante em Mateus 18.15-17. Este texto trata do pecado praticado contra um irmão. O ofendido deve dirigir-se ao ofensor e repreendê-lo, e se o ofensor se arrepender, está resolvido o problema, morre aí a questão, “ganhaste a teu irmão”. Se o ofensor não der ouvidos à repreensão do ofendido, não se arrepender, o ofendido deverá recorrer a duas ou três testemunhas (não a uma multidão, mas dois ou três) e expor o caso. Se o ofensor ouvir e se arrepender, o problema estará resolvido. E, finalmente, se o ofensor não reconhecer de forma alguma o seu erro, será levado à igreja. Ouvindo a igreja, o problema estará resolvido, caso contrário, tal pessoa deverá ser considerada “gentio e publicano”. O ofensor só será exposto em útlimo caso, se não ouvir ao ofendido na primeira repreensão ou na segunda com as testemunhas. Esse é o princípio ensinado por Cristo.
Há outros aspectos neste texto, mas creio que ilustra, por analogia, o que quero dizer aqui.
Então, antes de sairmos por aí revelando os segredos alheios, reflitamos primeiro nos prejuízos que podemos causar!
A Deus seja a glória!