Deus ou o homem?

Vivemos em dias em que há uma grande inversão dos valores cristãos e bíblicos, que se não tivermos o Espírito de Deus em nossas vidas, seremos facilmente enganados.

“MAS o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios”  (1 Timóteo 4.1).

O homem quer tomar o lugar de Deus, ou melhor, usar Deus para alcançar seus intentos. Determinam a bênção de Deus na vida das pessoas, prometem o que Deus jamais prometeria, dizem o que jamais Deus diria. São falsos profetas, “espíritos enganadores”, que estão por trás de tudo isso. A falsidade campeia os arrais cristãos, de tal forma, que está difícil distinguir o certo do errado. A capa de cordeiro que alguns usam, sendo, na verdade, lobos cruéis, é tão espersa que mal conseguimos enxergar de fato os lobos que são.

O temor de Paulo em 2 Coríntios 11.3 está se cumprindo: “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo”. Infelizmente a astuta antiga serpente tem enganado a muitos cristãos em nossos dias, que se afastaram (e muito) da simplicidade que há em Cristo Jesus, nosso Senhor e Salvador. São líderes que não querem “imitar a Paulo”, assim como Paulo imitava a Cristo. Simplicidade é uma palavra que não faz parte do vocabulário desses ditos “homens de Deus”.

O conceito de Deus foi invertido. A soberania de Deus está em xeque. Deus tem que fazer o que muitos cristãos estão determinando, num ato insano e ultrajante ao Soberano Deus, como se o Criador tivesse virado empregado desses ditos “cristãos”. O “seja feita a tua vontade” ficou para trás há muito tempo. E as promessas em nome de Deus?  São as mais absurdas possíveis! E dizem, Deus é obrigado a cumpri-las! Que absurdo!

É preciso definir: Deus é Deus e o homem é homem. Deus é Senhor, Soberano, Todo-Poderoso, Criador. O homem é criatura, servo, dependente, pecador. Deus não se dobra aos caprichos e vontades do homem, mas o homem deve se dobrar à vontade e soberania de Deus. Quem determina é Deus e não o homem. Quem obedece é o homem e não Deus.

Os “ungidos” e “profetas” de Deus não podem dizer o que Deus não diz. Não podem prometer o que Deus não promete. Não podem fazer o que Deus não faz e nem aprova quem faz.

“Sempre seja Deus verdadeiro, e todo o homem mentiroso”  (Romanos 3.4).

“NÃO a nós, SENHOR, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por amor da tua benignidade e da tua verdade.”  (Salmo 115.1).

Pela graça de Deus sou o que sou

“Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo” (1 Co 15.10).

Feliz é aquele que reconhece que tudo o que é, o que tem, o que terá e o que o vier a ser, é fruto da graça de Deus. A graça é a fonte de todas as bênçãos na vida daqueles que servem a Deus. Nada somos e nada seremos se não for pela graça de Deus.

Pela graça somos salvos, por meio da fé. Pela graça somos justificados diante de Deus. Pela graça somos redimidos. Pela graça nossos pecados são perdoados. Pela graça vivemos e pela graça morreremos.

Graça, abundante graça é a razão de ainda estarmos aqui.

Por isso, pela graça de Deus sou o que sou, ainda que nada sou!

 

Para quem só quer ser feliz!

empowe2r Felizes as pessoas que sabem que são espiritualmente pobres, pois o Reino do Céu é delas.

Felizes as pessoas que choram, pois Deus as consolará.

Felizes as pessoas humildes, pois receberão o que Deus tem prometido.

Felizes as pessoas que têm fome e sede de fazer a vontade de Deus, pois ele as deixará completamente satisfeitas.

Felizes as pessoas que têm misericórdia dos outros, pois Deus terá misericórdia delas.

Felizes as pessoas que têm o coração puro, pois elas verão a Deus.

Felizes as pessoas que trabalham pela paz, pois Deus as tratará como seus filhos.

Felizes as pessoas que sofrem perseguições por fazerem a vontade de Deus, pois o Reino do Céu é delas.

Felizes são vocês quando os insultam, perseguem e dizem todo tipo de calúnia contra vocês por serem meus seguidores.

Fiquem alegres e felizes, pois uma grande recompensa está guardada no céu para vocês. Porque foi assim mesmo que perseguiram os profetas que viveram antes de vocês.

(S. Mateus 5.3-12 NTLH).

O que é autoridade espiritual?

Uma irmã muita simples me perguntou: “pastor, o que é autoridade espiritual?”.
A pergunta é simples e a resposta devia ser simples também. Autoridade espiritual é a autoridade de Jesus Cristo sobre todas as coisas no céu e na terra, o que inclui o mundo visível e invisível, pois foi Cristo quem disse “toda a autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mt 28.19 ARA). E, por conseguinte, todo cristão, que tem fé em Cristo, recebe autoridade delegada para curar os enfermos, expulsar os demônios, fazer maravilhas, falar novas línguas, profetizar, pregar, ensinar, etc., tudo isso em nome de Jesus Cristo, o Rei dos reis e Senhor dos senhores.
O problema é que alguns crentes andaram lendo o livro de Watchman Nee, “Autoridade Espiritual”, e estão aplicando os conceitos dele de forma inadequada. Respeito os conceitos do renomado pregador chinês e plantador de igrejas, fundador das chamadas “igrejas locais”, mas precisamos analisá-los à luz do Novo Testamento, sobre o conceito de autoridade que deve ser aplicado à Igreja de Cristo.
O uso que estão fazendo dos conceitos de Nee é para fortalecer certos “pastores autoritários e ditadores”, que querem subjugar o povo de Deus, falando que a Bíblia instrui os crentes a obedecerem seus pastores em “tudo”, mesmo que estejam errados, porque não podemos questionar nossos líderes e nem falar nada deles, visto que são “ungidos do Senhor”. O próprio Nee não diz isso em seu livro, pois ele diz que a obediência é relativa. Há também a tal de “cobertura espiritual”, que diz que os crentes que obedecem aos seus líderes estão debaixo dessa “cobertura”. Não sei onde fica o Salmo 91.1 nessa: “AQUELE que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará”. Se Deus não for a nossa “cobertura” não sei como venceremos o mal.
Basta uma leitura simples e despretenciosa do Novo Testamento, que notaremos que o autoritarismo de alguns líderes cristãos não têm nenhuma base. Alguns recorrem a textos como Romanos 13.1-7, Hebreus 13.17 e 1 Tessalonicenses 5.12,13 para justificarem suas “arbitrariedades”, “domínio” e “subjugação” do povo de Deus. Romanos 13 refere-se as autoridades seculares e não eclesiástica, pois o próprio Cristo faz essa diferença em Lucas 22.25,26. Portanto, usar esse texto para justificar o autoritarismo é totalmente descabido. O texto de Hebreus 13 está em um contexto mais amplo, com várias admoestações, mas os adeptos do autoritarismo fixam-se apenas no versículo 17. Observe primeiro o versículo 7, “Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus, a fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver”. O crente em sã consciência jamais vai desrespeitar e desobedecer aos “seus pastores” (sim está no plural, e não no singular, como alguns querem), desde que estes se mantenham dentro do que a Bíblia ensina e do que é coerente. Interessante que o termo “pastores” no texto da Almeida Revista e Atualizada é trocado por “guias” o que corrabora com a idéia de obediência e submissão voluntária a eles. Quem é louco de desobecer um “guia” turístico, num safari na África, por exemplo? Assim o guia espiritual vai guiar os crentes dentro da Palavra de Deus, a qual ele mesmo conhece, obedece e vive. A obediência, nesse caso, é à Palavra de Deus, pregada e ensinada pelos pastores ou guias, pois se assim o fizermos eles trabalharão com alegria e não gemendo. O texto de 1 Tessalonicenses 5.12,13 diz que devemos reconhecer os que presidem sobre nós e nos admoestam e que os tenhamos em grande estima e amor, por causa da obra. Isso é coerente com o respeito e o amor cristãos! Reconhecer, estimar e amar é dever de todo crente, não só para com os pastores e líderes, mas para com todos.
Mas o problema não está na questão da submissão e obediência à liderança da igreja, pois o povo de Deus é um povo ordeiro, é “o rebanho de Deus”, ovelhas, mansas e humildes, que reconhecem aqueles que realmente são homens de Deus, mas no abuso de autoridade de alguns desses líderes, que exigem obediência irrestrita dos crentes, como se eles dominassem sobre suas próprias vidas e vontades.
Agora, o ensino geral, para todos os crentes, inclusive pastores e líderes,  é: “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo” (Filipenses 2.3). Vamos ver o que Jesus disse sobre o assunto: “E ele lhes disse: Os reis dos gentios dominam sobre eles, e os que têm autoridade sobre eles são chamados benfeitores. Mas não sereis vós assim; antes o maior entre vós seja como o menor; e quem governa como quem serve” (Lucas 22.25,26). Note que Jesus diferencia o governo secular do governo eclesiástico, “não sereis vós assim“. Vejamos também a recomendação de Pedro aos pastores: “Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; Nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa da glória” (1 Pedro 5.1-3). Veja bem, o rebanho de Deus, que está entre vós, pois “vós” também faz parte dele. Assim, o ensino neotestamentário é que devemos nos amar e respeitar mutuamente, e não que devemos dominar uns sobre os outros.
Com relação a expressão “ungido do Senhor” ela ocorre 10 vezes Antigo Testamento (1 Sm 24.6,10; 26.9,11,16,23; 2 Sm 1.14,16; 19.21; Lm 4.20). Oito vezes refere-se a Saul, uma vez a Davi e uma vez ao povo de Israel. Essa expressão não é usada para pastores ou líderes da igreja cristã. No Novo Testamento o próprio Senhor Jesus Cristo é o Ungido do Senhor.  E, de modo geral, todo crente é “ungido do Senhor”, pois todos receberam a “unção do Santo” (1 João 2.20,27), dada pelo próprio Espírito Santo, visto que “todos” somos “templos do Espírito Santo” e “todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito” (1 Coríntios 12.13).
Bem, amados, o que escrevo aqui não é para sermos subversivos e desobedientes aos nossos líderes. Não, de maneira alguma! O que escrevo é como um alerta para que não nos deixemos abusar por líderes dominadores, ditadores e autoritários, que querem subjugar o povo de Deus para que façam o que eles bem quiserem, como quem dominam sobre “o rebanho de Deus”, inclusive nossas vidas particulares.
“Devemos sim, ter os nossos pastores e líderes de forma respeitosa e submissa, visto que eles nos guiam na Palavra e no ensino de Deus, devemos confiar, de coração aberto, que os mesmos são servos de Deus para cuidar, apascentar e ensinar a Igreja de Cristo e também para coordenar a igreja em sua forma funcional e organizacional. O Pastor merece honra, reconhecimento e respeito de todos da Igreja. Porém, o Pastor também é humano, sujeito a erros e a pecados, bem como a exortação e repreensão, jamais devemos ter nossos pastores ou líderes como se fossem superiores aos demais irmãos da igreja, como se os mesmos possuíssem ‘unção diferenciada’ ou ‘poderes especiais’” (palavras de Ruy Marinho, blog Bereianos).

Tirai a máscara!

MSCARA4bMas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.”  (2 Coríntios 3.18).

Todas as vezes que leio o versículo acima, reflito sobre a necessidade que temos de sermos transparentes em tudo o que fazemos. Foco minha mente na expressão “rosto descoberto”, o que me dá a idéia de alguém sem nada no rosto, sem máscara.

É comum as pessoas usarem máscaras, mesmo que invisíveis aos olhos, mas são máscaras de comportamentos, de caráter, de atitudes, ações, emoçoes, etc. São máscaras que impedem as outras pessoas verem quem elas realmente são.

Alguns usam a máscara da religiosidade. São pessoas que parecem piedosas, dedicadas à sua religião, mas na verdade, por dentro são “sepulcros caiados”, conforme falou o Mestre. A dedicação à religião é uma espécie de “fuga” da realidade da vida. Essas pessoas não servem a Deus, mas a religião, e servem com medo do inferno ou mesmo da vida! O jovem rico é um exemplo disso. Ele era extremamente religioso, mas sabia que faltava algo em sua vida. Faltava a experiência da salvação! Faltava o desapego às riquezas terrenas! Tirar a máscara da religiosidade e ser verdadeiro diante de Deus! Ser dedicado a igreja não é um mal em si, mas quando essa dedicação é usada para encobrir fraquezas pessoais, para se esconder, para fugir da realidade, aí meu irmão é preciso tirar a máscara!

Tem a máscara da hipocrisia. São os fariseus da vida! Essas pessoas são capazes de condenar alguém sem qualquer piedade ou misericórida. São aquelas pessoas que apontam o dedo em direção as outras, condenando-as, porque fazendo isso estão purgando a si mesmas de suas próprias fraquezas. Condenam suas próprias fraquezas nos outros, numa espécie de catarse espiritual. Essas pessoas vivem de aparência. Dizem que são, mas não são. Parecem que são, mas não são. São os “denorexes” da vida! (desculpem-me o plural de Denorex, risos).

Há a máscara do ditador. Você já viu aquelas pessoas que querem mandar em tudo e em todos? Sabem tudo, podem tudo, querem tudo, fazem tudo. São absolutas! Não aceitam um “não” como resposta. Parecem “leões”, mas por dentro são “gatinhos” medrosos. Usam máscara para disfarçar seus medos e temores.

E a máscara da santidade? Você já viu alguém que é mais crente do que todo mundo, mais santo do que todos? Tudo é pecado, tem que orar o tempo todo, jejuar, se consagrar, ir pra igreja. Jesus, é muita santidade! É uma história de o “sangue de Jesus tem poder” o tempo todo e pra tudo! Só a graça! Tire a máscara!

E são tantas máscaras que o o espaço aqui é pequeno para falar de todas! Vou ficar por aqui. É só um reflexão! Será que usamos máscaras o tempo todo?

O melhor mesmo é ficar com o “rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, sendo transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor”, do que usar qualquer tipo de máscara! Sejamos nós mesmos, sinceros, verdadeiros, amantes do bem, honestos, crentes de verdade!

Que Deus nos ajude a tirar as nossas máscaras, sejam elas quais forem!

Amém!

Quem é o maior?

Em Marcos 9.33, Jesus faz uma pergunta aos seus discípulos que os fez se calarem: “Que estáveis vós discutindo pelo caminho?”. Eles se calaram, porque pelo caminho tinham discutido entre eles sobre qual deles era o maior (v. 34).  Essa mesma discussão é registrada em Lucas 9.46. Jesus sabendo do que se tratava, chama os doze e diz-lhes: “Se alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro de todos e servo de todos” (v. 35), em seguida, toma um menino, ponhe-o junto a si, e diz: “Qualquer que receber este menino em meu nome, recebe-me a mim; e qualquer que me receber a mim, recebe o que me enviou; porque aquele que entre vós todos for o menor, esse mesmo é grande” (Lc 9.48). Esse é o princípio ensinado por Jesus. Ele mesmo deu o exemplo de servidão, quando disse: “”Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos.”  (Mc 10.45).

Creio que este ensino ficou bem claro na mente dos discípulos, mas o impressionante é que parece que faz parte da natureza humana querer dominar, ser grande. Os mesmos discípulos, antes da crucificação do Mestre, voltam a discutir o mesmo assunto. Era a ocasião da páscoa, quando o Mestre instituiu a Ceia. Após ceiarem e ouvirem que um deles era um traídor, ficaram atônitos querendo saber qual deles seria, e ao mesmo tempo houve “contenda” sobre qual deles “parecia” o maior. A resposta do Mestre foi, mais uma vez, clara e objetiva: “Os reis dos gentios dominam sobre eles, e os que têm autoridade sobre eles são chamados benfeitores. Mas não sereis vós assim; antes o maior entre vós seja como o menor; e quem governa como quem serve.” (Lc 22.25,26). Jesus deu, outra vez, o exemplo de si mesmo, perguntando a eles, quem era maior? Quem estava à mesa ou quem servia a mesa? Com certeza era quem estava à mesa, mas Jesus não era o que estava à mesa, mas quem servia. Se comparamos essa passagem com João 13, veremos o exemplo maravilhoso do Jesus, quando lavou os pés dos discípulos, numa demonstração de humildade e servidão. Após fazer isso, pergunta-lhes: “Entendeis o que vos tenho feito?” (Jo 13.12). Ele, sendo o Mestre e Senhor havia lavado os pés deles, assim eles também deviam lavar os pés uns dos outros. Não se trata aqui da instituição do “lava-pés”, mas da humildade e sujeição uns outros, do espírito de servidão uns aos outros. Ninguém devia dominar sobre ninguém. Nenhum deles seria maior do que os outros. Isso era coisa dos reis dos gentios, entre eles seria diferente, “o maior seria como o menor, e quem governa como quem serve”. Tão diferente do que vemos nos círculos cristãos hoje!

O apóstolo Paulo ensina esse mesmo princípio: “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo.”  (Fp 2.3). O escritor aos Hebreus também fala da consideração “uns aos outros” (Hb 10.24). Pedro também escreve sobre o assunto, “Semelhantemente vós jovens, sede sujeitos aos anciãos; e sede todos sujeitos uns aos outros, e revesti-vos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.”  (I Pe 5.5).

A humildade, e não o sentimento de grandeza deve permear a nossa vida. Um crente não deve dominar outro crente, controlar-lhe a vida. Esse não é o princípio de Cristo, mas do mundo! Esse princípio se aplica a todos os discípulos de Jesus, tanto líderes como liderados. Pedro escreve aos pastores: “Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto”  (I Pe 5.2). Interessante Pedro usar a expressão “não por força”, e “nem por torpe ganância”. Geralmente é o que vemos em muitos lugares hoje.

Que Deus nos ajude a seguirmos o caminho da humildade e da servidão!

José, o “dedurão”

José é tido como um dos mais perfeitos “tipos” de Cristo do Antigo Testamento, em virtude de sua pureza e simplicidade. Entretanto, eu vejo uma grande fraqueza em seu caráter e no relacionamento com os seus irmãos. Ele era o preferido de seu pai, gozava de alguns privilégios que deixavam seus irmãos enfurecidos com ele. José era um jovem “dedurão”, trazia más notícias de seus irmãos ao seu pai. Ele não procurou influenciar seus irmãos de forma positiva, mas procurava demonstrar ser melhor do que eles, denunciando-os. Claro que seus irmãos não eram “flores que se cheirassem”, mas isso não dava a José o direito de denunciá-los. Outro ponto, que fez com que seus irmãos o odiassem, foram os seus sonhos. Eram sonhos de Deus, é verdade, mas ele foi imprudente em contá-los, ao ponto de o próprio pai repreendê-lo.

A analogia que faço é que há pessoas que sentem prazer em denunciar os outros. Sentem prazer em expor os erros alheios. Uma leitura simples da história de José nos mostra que não havia nenhuma virtude na atitude dele. O que ele fazia só gerou ódio no coração de seus irmãos por ele. Entendo que o ódio dos irmãos de José por ele está num contexto mais amplo, há mais coisas envolvidas, como o fato de ele ser o “filhinho do papai”. “Dedurar” seus irmãos não o fazia melhor do que eles. É lógico que José era um jovem virtuoso, sincero e verdadeiro. Até mesmo ao denunciar seus irmãos, ele o fazia na simplicidade, talvez sem sequer se dando conta do grande mal que ele estava causando para si mesmo, alimentando o ódio de seus irmãos contra ele. Verdade é, também, que Deus estava no controle da vida de José!

Lembro-me das palavras de Jesus, “bem-aventurados os PACIFICADORES, porque eles serão chamados filhos de Deus”. Pacificador é aquele que ama e zela pela paz, que apazigua as disavenças, que une os que estão separados e não aquele que separa, que faz confusões, que espalha discórdias. O pacificador é reconciliador, o que diminui as diferenças, que converge para a união, para os pontos comuns.

Sejamos pacificadores e não deletores, denunciadores, “dedurões”!

Reflexão sobre perdão e amor

A nossa vida, como crentes, deve ser guiada e dirigida pela Palavra de Deus e por Cristo, que é o nosso Senhor e Salvador. Uma vez salvos, devemos manter a nossa vida dentro do padrão divino e bíblico, centrados no Evangelho de Cristo, que se resume no AMOR. Sim, o amor de Deus deve ser a base de todas as nossas ações, sentimentos, emoções, relacionamentos e práticas no dia-a-dia do nosso andar no caminho da graça de Deus. A lei se resume em: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Dado à nossa pecaminosidade, visto que o crente ainda carrega a velha natureza, precisamos vigiar e orar todos os momentos para que a velha natureza não aflore e cause grandes estragos em nossa vida e trajetória. Daí as palavras do apóstolo do amor: “filhinhos, não pequeis”. Mas o mesmo apóstolo reconhece que não estamos em um corpo glorificado, ainda não somos “semelhantes” a Ele, por isso continua e diz: “se alguém pecar, temos um ADVOGADO para com o Pai, Jesus Cristo, o justo”.
Sim, Jesus Cristo é a propiciação pelos nossos pecados, não só pelos nossos (cristãos já convertidos), mas pelos de todo o mundo (1 João 2.1,2). O arrependimento, a confissão, o abandono do pecado, e voltar-se para Cristo, como advogado, é o processo para o recebimento do perdão. Cristo, sim, conhece o coração e sabe todas as coisas. Ele sabe quem realmente se arrepende ou não. Nós, seres humanos, estamos limitados as aparências e nos enganamos muitas vezes. Daí Jesus nos alertar: “não julgueis”, muito embora possamos analisar os fatos, “pelos frutos se conhece a árvore”. É o que João Batista pregava, “produzi frutos dignos de arrependimento”.
Nos relacionamentos humanos, vez por outra, podemos ferir alguém, pecar contra alguém, fazer algum tipo de mal a alguém, ou até a nós mesmos. Não estamos isentos disto. Todavia, deve prevalecer a marca do amor de Cristo. A reconciliação é a base para reatar os relacionamentos, e, quando isso não for possível, pelos menos, não causar mais dor ou sofrimento. As recomendações de Cristo nesta área são vastas, “Olhai por vós mesmos. E, se teu irmão pecar contra ti, repreende-o e, se ele se arrepender, perdoa-lhe. E, se pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes no dia vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me; perdoa-lhe” (Lucas 17.3,4). Mas perdoar de coração, verdadeiramente, sinceramente, porque se do coração não perdoarmos, não seremos perdoados pelo Pai (Mateus 18.35). Se isso não for praticado no nosso viver diário, não estaremos de forma alguma vivendo o Evangelho de Cristo, não podemos sequer oferecer algo a Deus, nossa oferta não será recebida sem que haja reconciliação com o irmão (Mateus 5.23,24). É tão simples, muito embora nós mesmos achamos impossível. Colocamos barreiras, deixamos prevalecer os nossos sentimentos, os nossos valores pessoais, os nossos “brios”.
Guardar rancor, ódio, raiva, porque fomos ofendidos, só nos levará a ruína espiritual. Nos privará da abundante graça de Deus. Não estaremos assim inflingindo qualquer castigo a quem nos ofendeu, estaremos castigando a nós mesmos, nos fechando para o amor de Deus. Mais uma vez, o apóstolo do amor nos adverte, dizendo: “Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?” (1 João 4.20). Só é possível amar a quem nos ofendeu quando amamos a Deus verdadeiramente, sem isso, é realmente impossível amar ao irmão ofensor e perdoar-lhe a ofensa. O sentimento de vingança também é contrário ao ensino e ao amor de Cristo. Até mesmos os inimigos devem ser amados e os perseguidores e opressores devem ser objetos de nossas orações. É a justiça que excede a dos escribas e fariseus!
O próprio Deus é a nossa referência quanto a isto. Quem mais ofendido com os nossos pecados do que Deus? Olhemos ao nosso redor, quantas bênçãos temos recebido dEle? E como nós O agradecemos? Pecando contra Ele, virando as costas para Ele, para o amor dEle. Pecamos contra Deus, mas Ele, com imensurável amor, nos perdoa, quando a Ele recorremos e pedimos perdão dos nossos pecados. Admiro-me de Cristo quando estava sendo crucificado e ora ao Pai por aqueles pecadores que o crucificavam, “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. E mesmo que soubessem, haveria perdão para eles, mediante o arrependimento, caso se arrependessem. Mesmo Judas, embora tenha sido chamado “filho da perdição”, teria recebido perdão se tivesse se arrependido, ao invés de tirar a própria vida, num ato de desespero, de consciência pesada e remorso. Temos o exemplo de Pedro, que fez o caminho inverso, foi chorar amargamente por ter traído o seu Mestre. Mas o mesmo Pedro, confessou três vezes ao Mestre, a quem havia traído, que O amava e recebeu dEle, além do perdão, a incumbência de “apascentar as suas ovelhas”.
Sim, ser cristão é seguir os passos de Cristo. Não só na teoria, mas na prática. Na prática da vida, nos relaciomentos, nas palavras, nas ações. É amar acima de tudo. Sem isso, não há a prática verdadeira do Evangelho de Cristo em nossa vida.

Que bem farei para conseguir a vida eterna?

“E eis que, aproximando-se dele um jovem, disse-lhe: Bom Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna?” (Mt 19.16).

Qual foi a resposta que Jesus deu ao jovem que fez a pergunta acima?

Qual seria a resposta de alguns pregadores de hoje?

A resposta de Jesus, identificando o real problema daquele jovem, o apego aos bens materiais, foi: “vai, vende tudo o que tens e dá-os aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me” (Mt 19.21).

Que resposta! Um rico se desfazer de toda a sua riqueza? Ficar pobre? E dar a sua riqueza a quem mesmo? Aos pobres? Ué! Não foi ao ministério de Jesus?!

Como os pregadores da Teologia da Prosperidade lidam com essa passagem? Por que será que Jesus não mandou aquele jovem plantar as sementes da sua riqueza no ministério dEle? Teria que dar aos pobres? Será que ele ia receber tudo de voltar, e em dobro? Não, Jesus não prometeu nada disso àquele jovem! Simplesmente disse que ele teria “um tesouro no céu”. Onde mesmo? Não foi na terra?! Não! Um tesouro no céu!

Mas não bastaria deixar a riqueza, o jovem teria que “seguir” Jesus. Viver como o Mestre vivia, andar onde o Mestre andava, fazer o que o Mestre e seus discípulos faziam. O convite de Jesus era para aquele jovem tornar-se um discípulo, tal como os outros. Que convite maravilhoso! Tornar-se um discípulo de Jesus!

Não há coisa melhor, do que ser simplesmente um discípulo de Jesus, um imitador do Mestre!

Pense nisso!