O texto bíblico de Mateus 18.23-35 nos conta a parábola do servo incompassivo.
Um servo que devia ao seu senhor uma quantia astronômica: dez mil talentos. O talento dos tempos bíblicos podia ser de prata ou de ouro. Um talento de prata correspondia a seis mil denários. O talento de ouro valia, pelo menos, 30 vezes mais do que o de prata. Um denário era a diária de um trabalhador. Segundo a Agência Judaica, no momento em que escrevo estas linhas, o salário mínimo de Israel é cerca de US$800.00 (oitocentos dólares) mensais, ou seja, um pouco mais de US$26.00 (vinte e seis dólares) por dia de trabalho. Assim sendo, um talento correspondia a US$ 156,000.00 (cento e cinquenta e seis mil dólares americanos). Assim, atualizada com base no salário mínimo de Israel, a dívida daquele servo era de 1 bilhão e 560 milhões de dólares, uma verdadeira fortuna. Era, portanto, impossível aquele servo pagar a dívida que tinha com o seu senhor. Ao ser cobrado pelo senhor, o servo se humilha e pede para que o senhor seja paciente com ele, pois ele iria pagar-lhe a dívida. O senhor, por sua vez, movido de íntima compaixão, e sabendo que o servo jamais poderia pagar aquela dívida, perdoa-lhe completamente a dívida. Já pensou o alívio daquele servo? Ser perdoado de uma dívida bilionária!
Esse mesmo servo, tinha um conservo que o devia 100 denários (cerca de 2.600 dólares americanos). Veja bem, a dívida era de apenas 100 denários. Não chegava a 1 talento (6.000 denários).
O servo cobra a dívida do conservo e o conservo, tal como o servo antes, se humilha e pede paciência pois a dívida iria ser paga. O servo, num ato de incompaixão, sufoca o conservo e encerra-o na prisão.
Tal ato de incompaixão chegou ao conhecimento do senhor daquele servo, que o convocando passa-lhe em rosto o que ele tinha feito, e lhe diz: “Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste. Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti?”
O resultado: o perdão da dívida bilionária foi revogado e o servo entregue aos “atormentadores” até que pagasse toda a dívida (impossível de pagar).
Com certeza Jesus quiz ilustrar nesta parábola o quanto somos devedores para com Deus. Temos uma dívida muito grande para com Ele. Uma dívida que não temos condições de pagar! Essa dívida corresponde aos nossos pecados e ofensas a Deus. Nossos pecados são grandes diante do Senhor. Não tínhamos condições de nos livrar deles sozinhos. Foi por isso que Jesus pagou a dívida por nós. Ele morreu para nos perdoar, pagando a nossa dívida e riscando a cédula que nos era contrária (Cl 2.14).
Eu considero toda ofensa, todo pecado contra Deus, uma dívida “talentos”. E toda ofensa ou pecado contra o próximo, uma dívida “denários”. Contra Deus nossa dívida é sempre de talentos e contra o nosso próximo, por mais horrível que seja a ofensa, é sempre denários, ou seja, pequena em relação a Deus.
Todo o pecado, por mais horrendo que seja, uma vez que o pecador se humilha, se arrepende e pede perdão a Deus e a quem ele ofendeu, Deus prontamente o perdoa.
A parábola acima nos mostra o quanto Deus é compassivo! Ele tem compaixão e misericórdia de nós se nos arrependemos de verdade. Ele nos perdoa de todo o pecado e nos purifica de toda a injustiça (1 Jo 1.9).
Assim como Deus nos perdoa, Ele espera que perdoemos os nossos semelhantes, quando estes pecam contra nós. Toda ofensa contra nós será sempre ofensa “denários”. O maior pecado é sempre contra Deus. Quando pecamos contra o nosso próximo, pecamos contra Deus também. E, se Deus nos perdoa, quem somos nós para não perdoar o nosso ofensor?
Na verdade, se não perdoamos, o perdão de nossos próprios pecados é anulado. Tal como aconteceu com o servo, por não ter perdoado o conservo, acontecerá conosco, se não perdoarmos aos nossos conservos.
Pensemos nisso, e estejamos sempre prontos a perdoar!
Parabéns pelo excelente texto! Com o amor que somos amados por Deus também podemos amar os nossos ofensores. O que são as ofensas dos homens perto das ofensas que cada um de nós pratica contra Deus, mas que Ele lança no mar do esquecimento? Resta-nos ser eternamente gratos a Deus que, através de Cristo Jesus, nos deu um perdão eterno.
Parabéns pela excelente explanação ! Que venhamos sempre a proceder dessa mesma forma. Paz !