E se fosse comigo…

Sempre que sou tentado a julgar e sentenciar alguém, penso: “e se fosse eu” no lugar dessa pessoa, o que faria?
Jesus disse que com o mesmo juízo que julgarmos, seremos julgados e com a mesma medida que medirmos, seremos medidos (Mt 7.2). Devemos ter sempre em mente que somos seres humanos cheios de falhas e defeitos. Estamos lutando todos os dias contra a nossa própria natureza pecaminosa. É evidente que não devemos usar isso como desculpas para os nossos erros. Quando erramos, devemos reconhecer o erro e corrigi-lo, como nos ensina a Bíblia.
Geralmente quando erramos queremos receber misericórdia da parte dos outros. Não importa o erro, o que queremos é misericórdia. Queremos que a sentença sobre nós seja branda, mesmo quando isso não é possível.
A misericórida vem de Deus. E, misericórida é o que não falta em nosso Deus. Ele é o Pai das misericórdias (2 Co 1.3). Ele nos ajudará a usar de misericórdia para com o nosso próximo, quando estes errarem.
Jesus usou a expressão: “misericórdia quero, e não sacrifício” (Mt 9.13; 12.7), para nos ensinar a sermos misericordiosos com os que erram.
“Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas.” (Mt 7.12).
Antes de bater o martelo e sentenciarmos alguém, pensemos: “e se fosse comigo”.
Que Deus nos abençoe!

Soberba

“Deus resiste aos soberbos” (Tiago 4.6; 1 Pedro 5.5).
Soberba é o sentimento negativo caracterizado pela pretensão de superioridade sobre as demais pessoas, levando a manifestações ostensivas de arrogância, por vezes sem fundamento algum em fatos ou variáveis reais. O termo provém do latim superbia (Wikipédia).
A soberba é o contrário da humildade. A soberba é uma grande afronta a Deus e ao próximo. Jesus deixou bem claro que nenhuma pessoa é superior a outra. Somos todos iguais. Na verdade, o ensino bíblico não é de igualdade, mas de inferioridade. “Sede sujeitos uns aos outros” (1 Pe 5.5). “Cada um considere os outros superiores a si mesmo” (Fp 2.3).
Os soberbos acham-se acima de todas as pessoas. Consideram-se o centro das atenções. Que todos devem prostrar-se diante deles e servir-lhes em tudo.
Nunca devemos nos esquecer das palavras de Deus a Jó:
“Derrama os furores da tua ira, e atenta para todo o soberbo, e abate-o. Olha para todo o soberbo, e humilha-o, e atropela os ímpios no seu lugar. Esconde-os juntamente no pó; ata-lhes os rostos em oculto” (Jó 40.11-13).
Deus nos livre da soberba!

Humilhai-vos

“Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte;” (1 Pedro 5.6).
Um das grandes lições que Jesus ensinou aos seus discípulos, foi a lição da humildade. O Mestre mesmo demonstrou humildade durante toda a sua vida terrestre, mesmo Ele sendo o Senhor dos senhores. Na ocasião em que os discípulos discutiram sobre qual deles seria o maior, o Mestre deu-lhes uma tremenda lição. Toma uma criança e coloca no colo e fala que quem não se tornasse como criança não poderia ver o Reino de Deus. E, por ocasião da páscoa, quando pela última vez, os discípulos contendem mais uma vez sobre qual deles seria o maior, o Mestre pergunta-lhes: “Pois qual é maior: quem está à mesa, ou quem serve? Porventura não é quem está à mesa? Eu, porém, entre vós sou como aquele que serve” (Lucas 22.27). O Mestre mostra no seu próprio exemplo que Ele poderia ser servido, mas veio para servir. Essa foi a ocasião em que Ele lavou os pés dos discípulos, demonstrando totalmente humildade e serventia.
Se somos seguidores de Jesus, devemos imitar-lhes as ações.
A humildade faz com que nos humilhemos diante de situações em que poderíamos “chutar o balde”. Humilhar-se nem sempre é bom e agradável no momento da humilhação. Mas certamente produzirá o fruto desejável no futuro. Jesus nunca nos ensinou a revidar uma ofensa ou agredir alguém. Ele mesmo sendo ofendido e insultado, não revidava. O apóstolo Pedro explica o porque: “o qual, quando o injuriavam, não injuriava e, quando padecia, não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente” (1 Pedro 2.23). Entregar-se Àquele que julga justamente é a resposta que os humilhados precisam saber. Deus julga justamente! Ao Seu tempo ele exaltará o humilhado.
Deus é fiel! Confiemos nEle!

Ofensas "talentos" vs. ofensas "denários"

O texto bíblico de Mateus 18.23-35 nos conta a parábola do servo incompassivo.
Um servo que devia ao seu senhor uma quantia astronômica: dez mil talentos. O talento dos tempos bíblicos podia ser de prata ou de ouro. Um talento de prata correspondia a seis mil denários. O talento de ouro valia, pelo menos, 30 vezes mais do que o de prata. Um denário era a diária de um trabalhador. Segundo a Agência Judaica, no momento em que escrevo estas linhas, o salário mínimo de Israel é cerca de US$800.00 (oitocentos dólares) mensais, ou seja, um pouco mais de US$26.00 (vinte e seis dólares) por dia de trabalho. Assim sendo, um talento correspondia a US$ 156,000.00 (cento e cinquenta e seis mil dólares americanos). Assim, atualizada com base no salário mínimo de Israel, a dívida daquele servo era de 1 bilhão e 560 milhões de dólares, uma verdadeira fortuna. Era, portanto, impossível aquele servo pagar a dívida que tinha com o seu senhor. Ao ser cobrado pelo senhor, o servo se humilha e pede para que o senhor seja paciente com ele, pois ele iria pagar-lhe a dívida. O senhor, por sua vez, movido de íntima compaixão, e sabendo que o servo jamais poderia pagar aquela dívida, perdoa-lhe completamente a dívida. Já pensou o alívio daquele servo? Ser perdoado de uma dívida bilionária!
Esse mesmo servo, tinha um conservo que o devia 100 denários (cerca de 2.600 dólares americanos). Veja bem, a dívida era de apenas 100 denários. Não chegava a 1 talento (6.000 denários).
O servo cobra a dívida do conservo e o conservo, tal como o servo antes, se humilha e pede paciência pois a dívida iria ser paga. O servo, num ato de incompaixão, sufoca o conservo e encerra-o na prisão.
Tal ato de incompaixão chegou ao conhecimento do senhor daquele servo, que o convocando passa-lhe em rosto o que ele tinha feito, e lhe diz: “Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste. Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti?”
O resultado: o perdão da dívida bilionária foi revogado e o servo entregue aos “atormentadores” até que pagasse toda a dívida (impossível de pagar).
Com certeza Jesus quiz ilustrar nesta parábola o quanto somos devedores para com Deus. Temos uma dívida muito grande para com Ele. Uma dívida que não temos condições de pagar! Essa dívida corresponde aos nossos pecados e ofensas a Deus. Nossos pecados são grandes diante do Senhor. Não tínhamos condições de nos livrar deles sozinhos. Foi por isso que Jesus pagou a dívida por nós. Ele morreu para nos perdoar, pagando a nossa dívida e riscando a cédula que nos era contrária (Cl 2.14).
Eu considero toda ofensa, todo pecado contra Deus, uma dívida “talentos”. E toda ofensa ou pecado contra o próximo, uma dívida “denários”. Contra Deus nossa dívida é sempre de talentos e contra o nosso próximo, por mais horrível que seja a ofensa, é sempre denários, ou seja, pequena em relação a Deus.
Todo o pecado, por mais horrendo que seja, uma vez que o pecador se humilha, se arrepende e pede perdão a Deus e a quem ele ofendeu, Deus prontamente o perdoa.
A parábola acima nos mostra o quanto Deus é compassivo! Ele tem compaixão e misericórdia de nós se nos arrependemos de verdade. Ele nos perdoa de todo o pecado e nos purifica de toda a injustiça (1 Jo 1.9).
Assim como Deus nos perdoa, Ele espera que perdoemos os nossos semelhantes, quando estes pecam contra nós. Toda ofensa contra nós será sempre ofensa “denários”. O maior pecado é sempre contra Deus. Quando pecamos contra o nosso próximo, pecamos contra Deus também. E, se Deus nos perdoa, quem somos nós para não perdoar o nosso ofensor?
Na verdade, se não perdoamos, o perdão de nossos próprios pecados é anulado. Tal como aconteceu com o servo, por não ter perdoado o conservo, acontecerá conosco, se não perdoarmos aos nossos conservos.
Pensemos nisso, e estejamos sempre prontos a perdoar!